UM BALANÇO DA BRASIL BRAU 2024

18/06/2024

A Brasil brau 2024 confirmou seu status de maior evento do setor cervejeiro superando a edição anterior em público e geração de negócios

A 17ª edição da Brasil brau, que aconteceu entre os dias 11 e 13 de junho no São Paulo Expo, confirmou seu status de maior evento do setor cervejeiro da América Latina. Os corredores ficaram cheios, com 106 expositores e 150 marcas promovendo seus produtos e serviços, lançando tecnologias, revelando as últimas tendências para o mercado e promovendo networking. Tanto é que o evento superou a edição passada, em 2022 (é um evento bianual), tanto em público, com 9 mil visitantes, como em geração de negócios, atingindo a marca de R$ 160 milhões.

“A Brasil brau 2024 atingiu todas as nossas expectativas, mantendo-se como uma plataforma fundamental de conteúdos, geração de negócios, além de ser um evento consolidado e tradicional, considerado o maior da indústria da América Latina. Tivemos a apresentação de novos equipamentos, empresas importantes presentes, novas tecnologias e insumos, reunindo profissionais de renome dos maiores players do mercado nacional internacional”

Gabriel Pulcino, gerente da GL events e organizador da Brasil brau Troca de experiências
A Brasil brau abrigou também a 18ª edição do Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia Cervejeira (CBCTEC), que ganhou um aumento de 42% em relação ao número de inscritos em 2022, totalizando 350 congressistas. O Congresso repetiu a parceria com o Instituto da Cerveja (ICB), escola de capacitação cervejeira, em conjunto com a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) e a Brasil brau.
Os palestrantes convidados nacionais e internacionais abordaram questões de cunho técnico e de comportamento do mercado cervejeiro, principalmente o artesanal. O Congresso também apresentou em primeira mão o Anuário da Cerveja 2024, realizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) com dados animadores.

Segundo o Anuário, em 2023, a produção nacional de cerveja já passou de 15 bilhões de litros, e o número de cervejarias abertas no Brasil alcançou o recorde histórico de 1.847 unidades, representando um crescimento de quase 7% em relação ao ano anterior. Há pelo menos uma cervejaria em 771 municípios brasileiros, com maior concentração na região Sudeste. São Paulo é o estado com maior número de cervejarias registradas, seguido pelo Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Brewer Lounge
No Brewer Lounge, espaço dedicado à exposição de conteúdo gratuito para o público, nomes referências do setor cervejeiro abordaram temas fundamentais do atual universo da cerveja, como sustentabilidade, competitividade, precificação, diversidade, inclusão, entre outros.
Destaque para a participação da Abracerva. O presidente Gilberto Tarantino, que também preside a Câmara Setorial da Cerveja no Ministério da Agricultura, e Marcos André de Moraes, advogado especialista em direito tributário, chamaram atenção do público com a palestra “Cerveja não é pecado: Reforma Tributária e Ações da Abracerva”, uma referência ao imposto seletivo previsto na reforma, também conhecido como “imposto do pecado”. A intenção do tributo é diminuir o consumo de produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Entretanto, o imposto seria fatal para o setor cervejeiro, que já sofre com altos tributos e bitributações da guerra fiscal entre os estados, que tem inviabilizado o seu desenvolvimento.

A proposta defendida pelo setor é a adoção de alíquotas progressivas para o imposto seletivo conforme o teor alcoólico das bebidas, seguindo boas práticas internacionais. E como complemento um tratamento especial para pequenos produtores de bebidas alcoólicas enquadrados no Simples Nacional.

“Queremos mobilizar as cervejarias e todos os elos da cadeia produtiva em uma campanha para sensibilizar os congressistas sobre a importância de um tratamento tributário justo, que contemple os produtores artesanais. Nossos pleitos podem fazer a diferença para a manutenção de muitos pequenos negócios que dão emprego e geram renda para muitas famílias”
Gilberto Tarantino, presidente da Abracerva

A entidade também apresentou, com o apoio da Rede Craft e da Associação Gaúcha de Microcervejarias (AGM), uma plataforma digital solidária (https://juntospelacervejagaucha.com/) que funcionará como centralizadora de arrecadação de fundos para a reconstrução das cervejarias que foram severamente afetadas pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul.
A Abracerva ainda promoveu na Brasil brau a premiação dos melhores rótulos da Etapa Sudeste da 4ª Edição da Copa Cerveja Brasil, concurso itinerante sem fins lucrativos realizado pela entidade nas cinco regiões do país. As medalhistas regionais serão novamente avaliadas em uma final nacional do concurso no fim do ano.

“A Brasil brau é tão importante que deveria ser realizada todos os anos. É a feira profissional do nosso mercado, oportunidade para quem trabalha no setor cervejeiro se encontrar. Este ano, apresentamos nossas sugestões para a reforma tributária e a campanha em apoio às cervejarias gaúchas prejudicadas pelas enchentes. A Brasil brau foi o palco perfeito para divulgar essas ações”

Gilberto Tarantino, presidente da Abracerva Saldo positivo para expositores
Entre as novidades, produtos, serviços e tecnologias, a Brasil brau foi não só um sucesso para o público visitante como também para os expositores, que puderam entrar em contato com as tendências e práticas envolvendo a sustentabilidade e a experiência do consumidor para o desenvolvimento futuro do mercado.

Entre as novidades, destaque para as inovações relacionadas a softwares de gestão e melhores soluções e sistemas de tecnologia avançada, como a de autosserviço de chope e envase isoeletrônico para bebidas carbonatadas.

“O mercado vem numa crescente de consumo, de novos projetos e tecnologias. Os que estavam parados devido à pandemia e pelo momento de transição de Governo, a partir de agora estão sendo retomados. A Brasil brau trouxe a presença de pessoas muito importantes, grandes empresas, com um balanço muito positivo com os chamados tomadores de decisão. Ficamos muito felizes em participar e esperamos marcar presença na próxima edição”

Volmir Roberto Gava, CEO da EGISA “A Agrária é o maior player fornecedor de insumo para o mercado cervejeiro no Brasil. O evento é de extrema importância e a grande novidade são as cervejas sem álcool com vitaminas. Também estamos trazendo variedades novas de lúpulos e fermentos. Para nós, a participação na Brasil brau foi bem positiva”

Jeferson Caus, superintendente de negócios da Agrária
Para a Prozyn, empresa especializada na aplicação de enzimas e bioingredientes, a participação na Brasil brau é uma prioridade, pois estão no principal evento do setor e usam seu estande para encontrar com todos os seus clientes.

“Nosso estande é referência, um ponto de encontro. Esse ano o ponto alto foram as cervejas zero álcool nos sabores de goiaba e jabuticaba, low carb e sem glúten, que foram produzidas em nossa planta piloto de desenvolvimento”
Leonardo Pinheiro, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Prozyn

Outro ponto de encontro sempre disputado na Brasil brau foi o estande da USAHops, a Associação de Produtores de Lúpulos dos Estados Unidos, representada pelo escritório da AVIAREPS Brasil, que promoveu as novidades da produção de lúpulo nos EUA com seminários e concorridas degustações de cervejas produzidas com lúpulo americano.

A multinacional francesa GL events organiza a feira. Este ano, a Brasil brau teve a Fermentis, líder global no fornecimento de fermentos para a indústria, como patrocinadora oficial. O Mercure Hotel foi o hotel oficial e os apoiadores de mídia foram: Engarrafador Moderno, Revista da Cerveja, Bolachas para Chopp, Remembeer e Science of Beer.

“Participamos de outras edições, inclusive sendo patrocinadores. Estivemos presentes no evento com estande, e com profissionais de outras regiões das Américas (Argentina, EUA e Canadá), promovendo nossos produtos, lançamentos e realizando muito networking com o público e clientes. Podemos ver que a cadeia cervejeira realmente se reúne na Brasil brau. Esperamos estar juntos nos próximos anos, trazendo tendência, inovação e aprendendo com o mercado”

Flavio Falqueiro, Regional Sales Manager Brazil da Fermentis Destaques do Portal Mesa de Bar
O Portal Mesa de Bar esteve presente na Brasil brau. E preparou alguns destaques do que viu por lá.
Começamos pelo belo estande da Memo. Lá encontramos duas boas novidades. A primeira é uma chopeira hi-tech com software de gestão e painel para liberação via cartão de consumo. É possível cadastrar usuários que tiram o chope gratuitamente, além do programa oferecer relatórios de consumo detalhados. Outra é um Carrinho Eco Draft, que utiliza o gelo seco da parceira Carbokeg como fonte de refrigeração, dispensando o cilindro de CO2, para até dois barris. As duas torneiras jorram chope alimentadas também por energia de baterias conectadas a painéis solares que ficam no teto. Um carrinho perfeito para eventos ao ar livre ou para vendedores autônomos de chope.
Passamos no estande da Prozyn e provamos a refrescante cerveja zero álcool de goiaba. Muita gente está apostando em cervejas sem álcool. Consideramos uma alternativa bacana porque quase não existiam opções. Entretanto, é um exagero falar que é uma tendência, pois a quantidade de interessados é percentualmente muito pequena. Mas é bom ter cerveja para todos! Tanto que o estande, que é tradicionalmente um animado ponto de encontro na feira, tinha diversas outras cervejas de diferentes estilos… com álcool!

Chegamos ao estande da Uniti que oferece embalagens PET com multicamadas para garrafas e growlers. A camada interna extra protege muito mais contra a luz, a entrada de oxigênio e a perda da carbonatação, além de não permitir alterações de sabor ou perda de teor alcóolico. E, pasmem, suporta pasteurização, dispensa refrigeração e aumenta em muito a vida útil de prateleira. Uma alternativa boa e barata, principalmente para cervejarias de pequeno porte que podem, assim, envasar seus chopes e distribuí-los com maior sucesso nos comércios locais e até expandir para outras localidades.

Demos uma passada no estande da USAHops para rever os amigos, conversar um pouco em inglês e provar uma excelente cerveja da Dádiva, a Laguna Beach, uma West Coast Double IPA, feita com um blend dos lúpulos americanos Chinook e Mosaic com o alemão Hallertau Blanc. Uma boa prova de como as cervejarias nacionais sabem trabalhar com as variedades americanas para produzir rótulos espetaculares como esse…
Passamos em outros estandes de insumos, como o da Viking Malt, e ficamos impressionados com a quantidade absurda de variedades de malte oferecidos pela empresa nas mais diferentes torras, que dá para produzir cervejas com perfis exatos ou ousadias fazendo blends. Uma prova de que até no malte a criatividade na hora de formular uma receita não tem limites. E para enfatizar isso, a empresa nos serviu a Härkönen Papu Ale, da cervejaria finlandesa Maku Brewing… Coisas que só acontecem em feiras.

Uma forte tendência na feira foi a quantidade de equipamentos para auto atendimento, como vimos nos estandes da My Tapp e no da Gel Chopp. E não só o equipamento, mas todo um pacote, que inclui displays touchscreen com informações e fotos das cervejas, softwares, torneiras inteligentes e paredes cenográficas para atrair ainda mais o consumidor. O uso desse conjunto tem vantagens óbvias, pois dispensa o garçom e o tirador, reduzindo o custo de mão de obra de um bar. Também pelos relatórios do software o dono sabe quanto se consumiu de cada cerveja, otimizando o controle de estoque entre outras vantagens. O consumidor ganha por um lado, porque pode solicitar a quantidade exata que deseja e só pagar pela fração que consumir. Ou seja, ele pode ir na parede e provar 100 ml de quatro tipos de cerveja em vez de pegar um copo de 400 ml. Entretanto, perde-se aquela dica do atendente que pode indicar ou explicar melhor o estilo e as características da cerveja. E há de se pôr na balança o custo de implantação do pacote hi-tech X o tradicional. Enfim, há de se considerar os prós e contras para cada estabelecimento.

Outro equipamento de muito apelo na feira foram as torres, traves e torneiras de chope. Há muitas opções de tamanho, de material, congeladas, douradas, em porcelana com logo da marca… Ou seja, é possível sair do básico e virar fashion. O bar de cervejas artesanais está ganhando esse plus decorativo, para tornar o ambiente mais bonito e agradável também aos olhos.

Na Brasil brau também havia muito equipamento para a produção de cerveja. É o caso dos estandes da Egisa, que sempre é um must have to visit da feira, e o da Fluxos. Lá e em outros estandes dedicados há desde conectores e reguladores de pressão, passando por cozinhas completas à envasadoras hi-tech que só faltam falar, com impressão direta na lata em resolução fotográfica e interatividade com o software de gestão da fábrica. Tanto para quem for montar um bar ou uma cervejaria, a Brasil brau é uma Disneylândia!

E havia boas surpresas, como o estande dos Alambiques Santa Efigênia. Opa! Mas não é uma feira de cervejas? Sim, mas essa é uma forte tendência entre as cervejarias, ou seja, agregar um alambique para aproveitar o malte para fazer whisky, além de outros destilados como gin, vodka, pisco, rum, conhaque, grappa, cachaça… E expandir os negócios, oferecendo ao mercado um portfólio diferenciado, além de ser um grande reforço de marca. Ficamos muito bem impressionados com as soluções especialmente criadas para o setor cervejeiro.

Outra ótima parada aconteceu no estande da Ruvolo, uma empresa centenária, especializada em copos, taças e canecas personalizados em vidro e cristal. Muitos cervejeiros colecionam copos e o estande da empresa é uma tentação com centenas de copos de tudo quanto é tipo e logotipo. É claro que ela atende bares, restaurantes, hotéis, cervejarias e afins que podem se equipar com copos lindos com o logo aplicado e até aqueles com borda dourada que deixam o prazer de se beber uma cerveja ainda mais especial.

Passamos também no estande da Abracerva, que estava movimentado com estação de podcast e ótimas campanhas, como já dissemos, para uma melhor tributação para o setor e de ajuda às cervejarias gaúchas. Assinamos as duas petições e ainda ganhamos uma belíssima cerveja feita pela Dádiva em parceria com o Sindicerv, Agraria, Lupulos Dalcin, Edenhops, Ardagh Metal Packaging Brasil e Grupo Indemetal. Tratava-se de uma excelente Session IPA feita com matérias primas 100% nacionais de perfil leve, refrescante e com notas cítricas no aroma e sabor. E no rótulo os últimos números expressivos e significantes do mercado cervejeiro atual revelados pelo Anuário do MAPA: 1.847 cervejarias registradas, 45 mil receitas diferentes lançadas, mais de 15 bilhões de litros de cerveja produzidos em 2023, 2,5 milhões de empregos, 50 bilhões em impostos/ano que movimentam 2% do PIB nacional…

E para finalizar nosso tour, destacamos uma grande descoberta no estande da AEB, uma empresa paranaense especializada em enzimas, clarificantes, estabilizantes e leveduras, além de outros produtos e equipamentos de apoio. Ela não fornece apenas os ingredientes, ela se envolve no processo de elaboração até a fabricação da receita para atingir objetivos específicos. Pudemos comprovar na prática, pois o estande oferecia cervejas de parceiros e pudemos ter o enorme prazer de provar as cervejas da Sabores do Malte, de Maringá, eleita a melhor cervejaria do Brasil pelo CBC – Concurso Brasileiro de Cervejas em 2024. Entre elas as premiadas Intuição, uma New Zealand-Style Pale Ale, medalha de Prata no CBC 2024, e a Luar do Sertão, medalha de Ouro no mesmo concurso e a melhor Dry Stout que provamos nos últimos tempos… Coisas que só acontecem na Brasil brau.